César Martins de Souza é Professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), e é investigador visitante do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Coordena o Projeto “Da Transamazônica a Transoceânica”, junto a UFPA (cesarmartinsouza@yahoo.com.br )
Fig. 1. Marco Zero da Rodovia Transamazônica (fotografia de César Martins de Souza)
Em 1970, durante a ditadura civil-militar brasileira, iniciou-se a construção da rodovia Transamazônica (Br-230) que objetivava integrar a Amazônia ao restante do país e ocupá-la com pessoas atingidas pelas secas periódicas da região nordestina e trabalhadores rurais despossuídos, do sul do Brasil. O governo do general-presidente Emílio Garrastazu Médici pretendia, ao mesmo tempo, diminuir as tensões do campo no sul e no nordeste, ocupar a Amazônia e mostrar para a população nacional a imagem de um país que se tornaria potência mundial, tendo a conquista da gigantesca floresta, como uma marca deste momento (Souza, 2014).
O projeto da rodovia, um dos maiores e mais propagandeados pela ditadura, foi executado durante o período mais duro da repressão, e pretendia promover o desenvolvimento agropecuário e a ocupação da Amazônia por migrantes de outras regiões que seriam estabelecidos nos núcleos de colonização construídos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Continuar a ler