Maria Teresa Nobre, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Brasil)
Fique em casa, lave bem as mãos, use álcool gel, alimente-se, hidrate-se, durma bem. Mantenha distância das pessoas, use máscara, saia apenas para resolver questões essenciais, higienize as compras antes de guardá-las. Essas recomendações chegam-nos todos os dias, inúmeras vezes, através de todas as mídias, de modo que diante do pânico e da insegurança, para muitos o mais difícil não é ficar em casa, mas voltar para ela, como relatou-me um amigo por estes dias: “saímos tensos e voltamos estressados. Limpa tudo, lava tudo, sapatos no corredor”.
Mas… e para quem não tem casa e depende dos serviços públicos ou filantrópicos para alimentar-se, dormir, fazer higiene pessoal e até beber água?
Mesmos em tempos normais, a oferta desses serviços já era imensamente inferior à demanda de milhares de pessoas em situação de rua/sem abrigo no Brasil, que em 2015 já passavam dos 100 000, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Viaduto do Baldo, em Natal (Brasil), onde vivem cerca de 30 pessoas em situação de rua. Foto: Maria Teresa Nobre (acervo pessoal) Continuar a ler